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Cavaco Silva reeleito

Cavaco Silva foi reeleito à primeira volta, tendo obtido 52,94% dos votos a nível nacional. Ganhou em todos os distritos do país, com elevada diferença dos seus adversários. A vitória não deixou margem para dúvidas e apesar de uma campanha conturbada, marcada por algumas tentativas de suspeição sobre a sua conduta, venceu com mérito, pela seriedade e integridade que conseguiu manter. Também no concelho de Odivelas venceu em todas as freguesias.

As palavras que soam hoje, em muitas paragens, são de manutenção da situação negativa que enfrentamos, o descontentamento ou conformismo - mas devo dizer que, em primeiro lugar, há que entender as competências do Presidente da República devidamente e, por outro lado, que interpretar a intervenção do mandato de Cavaco Silva. É certo que o Presidente da República desempenha um papel decisório quanto à produção legislativa e, por outro lado, um papel de garante da constituição, equilibrando todos os poderes na balança. No entanto, não desempenha funções executivas, ou seja, não tem competência para pôr em prática um programa político, para determinar opções administrativas ou governativas. Este dado - tão minusioso - obvia algumas consternações - não fossem os caríssimos portugueses capazes de culpar tudo e todos, em catapulta, pela má governação. Atenção, o Presidente da República age em concordância com o seu estatuto imparcial, isento, neutro, acima de decisões políticas. Não lhe compete decidir pelo fecho de hospitais, pela retirada de abonos de família - essas são concretizações ao alcance de um órgão distinto. Compete-lhe assegurar a estabilidade e confiança. Embora a sua determinação pudesse ter sido mais activa - ainda - a nota do seu mandato é positiva. Conseguiu manter alguma pacificação e dar cumprimento à vontade dos portugueses em algumas matérias complexas. Na verdade, não decidiu sempre com egoísmo pela sua opinião pessoal, tendo conseguido abstrair-se e fazer aquilo que é: representar o povo português. De todo o modo, provavelmente, a ter sido demasiado interventivo, seria acusado de interferir com poderes governativos (num país onde se é preso por ter cão e por não ter).

Numa época de grande crise a todos os níveis - incluindo muito gravemente a credibilidade política - a sua vitória foi apenas mérito seu? Não, foi também, de algum modo, demérito dos restantes candidatos, sempre vazios de conteúdo, recorrendo a ataques pessoais e desvaliosos e sem qualquer tacto para enfrentar os problemas que atravessamos. De algum modo, Cavaco Silva beneficiou da sua reputação de seriedade e limpidez e da absurda tentativa de invasão lançada pelos restantes, que os prejudicou ou, pelo menos, não lhes trouxe qualquer vantagem. Sem esquecer, claro, a evidente lógica de que o PS e o Bloco juntos afastam, enquanto que o PSD e o CDS juntos aproximam. E Manuel Alegre, nesta senda, não divergiu.

É importante um dado: a abstenção voltou a ganhar a maioria. Escusando-me de identificar todas as causas sociológicas - ou metereológicas - que contribuem para esse número esmagador, acrescento uma nova, que não deixa de ser irónica: cartão do cidadão. Esse exlibris dos tempos modernos que impediu centenas, senão milhares, de pessoas de votar, porque somos um país avant garde em ideias, mas com deficiências de concretização. Uma vergonha. Competências a quem de direito, enfim. A expressão de descrença é mais que evidente: na abstenção, na votação em candidaturas à margem e de pouca credibilidade, nos votos em branco e nulos. A geração do não sei, não respondo. Precisamos finalmente de seriedade, confiança, investimento humano e técnico e de participação. Participação cívica e política daqueles que são melhores e que podem mudar o decurso do futuro. Cavaco Silva faz falta a Portugal, mas os portugueses - com vida, ânimo e dinheiro - muito mais.

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