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Segmento cultural - quem eram as lavadeiras de Caneças?

A JSD entende que o património de Odivelas deve ser preservado e defendido. Temos publicamente reiterado esta posição e, nesse sentido, inauguramos aqui o «Segmento Cultural JSD Odivelas». Serão publicados 7 post's, tantos quantas freguesias tem Odivelas. Começamos com Caneças:

Mas afinal quem eram as lavadeiras de Caneças?


Já imaginaram como seria a nossa vida sem a invenção da máquina de lavar a roupa? Que torturas e castigos teriam de passar as nossas mães para lavar as nossas camisas e calças que gostamos e tratamos com tanto carinho? Mas afinal quem eram as lavadeiras de Caneças? Qual será o simbolismo por de trás da figura da lavadeira de Caneças e porque é que desapareceram?

Passado o período rigoroso e duro da história da
nossa economia do séc. XX, várias eram as famílias que se encontravam a sofrer grandes dificuldades económicas e que lutavam todos os dias para conseguir sobreviver e encontrar formas de sustento. Á semelhança do que acontece nos dias de hoje, muitas deslocavam-se para fora da antiga vila de Caneças e desenvolviam o seu negócio ou tinham os seus empregos no centro de Lisboa. Ao contrário do que estarias a imaginar, os transportes eram muito escassos e a caminhada era longa e dolorosa.

A antiga vila de Caneças localiza-se portanto, a norte do município de Odivelas e está delimitada pelas actuais freguesias de Loures, Ramada, Famões, Casal de Cambra e Almargem do Bispo. A abundância das suas fontes e qualidade das suas águas, levou mais tarde, á consequente comercialização da água dentro de bilhas de barro.

SABIAS QUE: Muito antes de existirem as garrafas de água, as bilhas de barro eram utilizadas como meio de transporte da água, conservando-a e mantendo-a fresca durante algum tempo. Por ser uma das primeiras actividades comerciais de grande sucesso da freguesia de Caneças e após um concurso público de 1994, podem hoje verificar no brasão da freguesia uma bilha como antigamente se utilizava e comercializada a água!

As lavadeiras de Caneças, conhecidas nacionalmente pelo seu carisma e cantigas alegres, eram mulheres e esposas de famílias numerosas sem grandes posses ou pobres (economicamente, mas nunca de espírito!). A actividade de Lavadeira veio de “arrasto” uma vez que havia provado ser uma forma de sustento lucrativa para as suas famílias Elas eram verdadeiras lutadoras do século XX em Portugal nomeadamente por terem desenvolvido uma actividade de extrema utilidade e referência e dedicarem grande parte da sua vida a melhorar a situação económica das suas famílias..

O tratamento cuidadoso e exigente prestado ás peças de roupa que lhes era confiada motivou o crescimento da procura de profissionais que conseguissem satisfazer as necessidades cada vez mais exigentes das Freguesas (1).
Num piscar de olhos, esta profissão transformou-se numa actividade de sucesso e as Lavadeiras de Caneças acabaram por se tornar gradualmente conhecidas.

Mas então o que faziam as Lavadeiras de Caneças? Basicamente e sem mais rodeios, mais ao menos o que uma máquina de lavar a roupa faz! Efectivamente, e o que as diferenciava era, a sua personalidade alegre, as cantigas que ecoavam pelas ruas, as suas vestes e ainda, a personalização do serviço. As Lavadeiras de Caneças lavavam a roupa, secavam-na ao sol, engomavam a roupa e entregavam tudo pronto ao domicílio! Este processo levava alguns dias, “(...) mas na altura não fazia qualquer diferença, uma vez que a vida também era levada devagar... (...)” diz António M. Um dos residentes de Caneças e frequente visitante do largo de Caneças.

Com o passar do tempo as Lavadeiras de Caneças tornaram-se o símbolo da “pequena revolução sexual” em Portugal e acabaram por ganhar popularidade primeiro junto dos jornais regionais e depois nos jornais locais. Vários são os artistas e personalidades da nossa literatura que referenciam as nossas Lavadeiras sublinhando a sua importância no desenvolvimento do comércio da época. O papel das Lavadeiras de Caneças ficou portanto imortalizado no filme “Aldeia da Roupa Branca” (1939) realizado por Chianca de Garcia. No filme, Beatriz Costa interpreta o papel de Gracinda, uma saloia Lisboeta e lavadeira contando assim com a presença de algumas das antigas Lavadeiras de Caneças.

Para explicar a história do desaparecimento das lavadeiras de Caneças, será importante partilhar a história da última lavadeira de Caneças:

A convite do canal televisivo RTP, a última lavadeira de Caneças fora convidada a participar no programa de entretenimento Zig Zag. Após uma entrevista com algumas dificuldades de comunicação (a senhora era analfabeta ) e já perto do final do programa, a Lavadeira é surpreendida com uma oferta irrecusável : uma maquina de lavar a roupa!

Apreensiva com a oferta, a lavadeira pergunta:

Mas para que raio é que eu quero isto?!”

A que o jornalista responde:

Agora já não precisa de lavar a roupa á mão! Têm uma máquina que lhe poderá fazer tudo e poupar muito tempo! “

EM CONCLUSÃO, as lavadeiras não tiveram um desaparecimento, de certa forma, voluntário... Com o passar do tempo e com o desenvolvimento das novas tecnologias, as Lavadeiras viram a sua profissão perder sustentabilidade. Com o aparecimento das primeiras máquinas de lavar, a profissão que fora durante tanto tempo, deveras aclamada pela sua utilidade e elevado grau de procura, desaparece.

(1.) Antigamente chamavam-se “Freguesas/es” clientes das empresas familiares no nosso País.
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