Tenho-me deparado ao longo destes últimos meses com diversas críticas relativas à gestão do processo autárquico por parte do PSD... Umas nada surpreendentes, visto ser o deleite de alguns que nada têm que fazer, outras um pouco contraditórias com os pedidos de transparência que vão fazendo aos diversos agentes políticos que fazem parte do processo de decisão.

Num pequeno momento de «scroll down» na internet perco-me a pensar onde estarão as notícias referentes aos processos de decisão do Partido Socialista, do Bloco de Esquerda, do Partido Comunista ou até do nosso parceiro de coligação (já lá vou a esta questão) o Partido Popular... mais do que isso, pergunto-me onde estão os tão discordantes comentários à gestão desses mesmos processos? Pois... Será que chegarão à mesma conclusão que eu? Não se encontram... Porquê? Porque a transparência de informação relativa aos mesmos é nula em comparação com a transmitida pelo Partido Social Democrata. Num pequeno exercício de comparação sobre a informação fornecida nos diversos sites, constataremos que o único Partido que se expõe a tamanho grau de transparência, não hesitando em fornecer a informação adequada de acordo com as funções dos órgãos que o compõem é, curiosamente, o PSD. O tal que é escrutinado diariamente pelos diversos meios de comunicação social e pelos (pseudo) comentadores da política portuguesa, que por sinal se esperneiam pela transparência da política portuguesa.

Se aprofundarmos um pouco a informação que nos é fornecida, conseguimos saber mais do próprio CDS-PP no site do PSD do que na informação que vai sendo transmitida pelo partido que irá coligado nas próximas eleições autárquicas. Ora vejamos, em 2013, quando ambos os partidos estavam no Governo, foram assumidos acordos de coligação com o CDS-PP em 87 Municípios. Actualmente estão assumidos, para 2017, 99 acordos de coligação, podendo alcançar os 140 dos 308 Municípios existentes. Querem maior grau de transparência do que informar a população, a 6/7 meses das eleições, quantas coligações teremos e quem são os candidatos? Alguém me prova que isso está a acontecer nos restantes partidos? Pois…


Mas a crítica avulsa mantém-se… Atacando a incapacidade do PSD apresentar "candidatos extraordinários" aos diversos Municípios, ou inclusive, de criticar o facto da Coordenação Autárquica Nacional do PSD afirmar que entre o PS e o CDS é preferível que ganhe o CDS mesmo sem acordo pré-eleitoral. Alguém me consegue explicar onde está a anormalidade nisto? Será o facto de isto parecer tudo demasiado normal que torna o pensamento das pessoas anormal? Não sendo suficiente, eu pergunto-me, o que são candidatos extraordinários? Serão independentes eleitos legitimamente que servem para que outros partidos justifiquem a incapacidade de apresentar candidatos? (Nesse município  por exemplo, o PSD apresenta um candidato que é, apenas, um dos melhores exemplos do que deve ser um gestor público e académico numa das mais prestigiadas Universidades do país) Ou serão os actuais Presidentes de Câmara, que nem eleitos foram, melhores candidatos do que a Vice-Presidente de um Partido, legitimamente eleita, e Presidente da Comissão, no meu entender, mais importante da Assembleia da República? Talvez tenhamos que ir a outras “províncias” (como alguns lhes chamam) para ver o nível das candidaturas…Quase que ficam parvos quando perceberem o panorama.

Deixo a pergunta, e que tal criticarem a falta de transparência? E que tal serem coerentes com o que pedem?


O (pseudo) comentário talvez deva abrir os olhos e incentivar a que os media façam mais do que campanha por uma esquerda que é tudo menos democrática.

É hora do país abrir os olhos para a complexidade e exigência que estão hoje associadas à Gestão Pública, em particular à Gestão Autárquica, tornando-se assim mais rigoroso com o que vai apregoando nas ruas (e nas redes sociais). 

Esperem, mas não desesperem. 

Artigo de opinião do Presidente da JSD Odivelas
David Pereira de Castro