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As nossas revoltas

Nos últimos tempos têm-se multiplicado as manifestações contras as políticas do Governo, contra a intervenção da troika e  - presumo - contra a demagogia e a falta de oportunidades de trabalho. Os slogans também se multiplicam, em redor da expressão popular que se retém em frases que são como porta-estandartes em frente ao Parlamento, que é a casa da democracia. Esses são os slogans das revoltas portuguesas, quando deveriam ser outros. Os nossos já profissionais manifestantes, que se compadecem com as greves e que semeiam a ideia utópica da revolta popular como forma magnânima de ultrapassar a crise, ultrapassaram já a barreira da liberdade, para se encostarem perigosamente à violência. A revolta é um sentimento justo e pessoal, mas alimenta-se de direitos e deveres, tal e qual os comportamentos que os mesmos exigem dos outros.

Naquilo que é criticável aos agentes políticos e que serve de mote às manifestações, é-lhes também imputável - aos manifestantes - que agem muitas vezes numa absurda incoerência. A demagogia com que criam os seus slogans é representativa desta convicção. Expressões como "que se lixe a troika" ficam como autênticos hinos nacionais, que se repetem e se cantam, mas cujo significado não se pensou em explicar. Fora com a troika significa o mesmo que dizer "fora-com-quem-nos-empresta-dinheiro-para-pagar-salários". Sinónimos que por algum motivo não vêm no dicionário das manifestações.

Mais, quem se expressa assim - e note-se, com justa liberdade - não só repete incansavelmente os mesmos hinos que, por tão contínuos, vão perdendo o impacto, como paralisa os outros hinos de quem continua a sobreviver trabalhando e se deslocando para o centro de Lisboa ou do Porto. Ora, pesando os impactos de quem faz da greve um ciclo vicioso e, mais grave, de quem faz do direito à greve uma oportunidade de ficar em casa a dormir, como se sabe que acontece, não me convence que seja a forma hoje de quem tem verdadeira vontade em colaborar. Não é necessário concordar, mas é necessário saber discordar com razão, sob pena de a mesma nunca nos ser reconhecida. Para além da violência, cuja justificação se perde num mundo ainda mais ínfimo de razões e que, para o exercício desse reconhecimento, o atrasa em muitos anos.

Quem se revolta assim esquece-se, ou não sabe, que viver em Portugal é viver num país livre, sem repressão e cujas autoridades se encolhem perante os arremessos, ao contrário do que aconteceria em outros locais do mundo, onde o Estado atingiu um "esforço" civilizacional de ser, estar, criar, extinguir e deter todos os verbos de acção. Um esforço que não conhecemos e ainda bem.

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