Halloween Costume ideas 2015

"Fala por ti": Trabalho num Call center

“Trabalho num call center da TMN em Lisboa vai para dois anos. Atendo as reclamações dos clientes do serviço de telefones móveis. Eu e todos os demais trabalhamos a recibos verdes.

Faço seis horas por dia. As pausas (para descansar, tomar qualquer coisa ou ir aos sanitários) são curtas, não mais de 10 minutos, e só as podemos fazer quando os responsáveis permitem. Apenas um número reduzido de trabalhadores, de cada vez, é autorizado a interromper o atendimento. Já me aconteceu trabalhar as seis horas seguidas sem sequer ir à casa de banho.

A princípio aceitei fazer horas extra, na ideia de ganhar mais qualquer coisa. Mas como nos pagam, não em dinheiro, mas em vales de compras (no Continente e outros), desisti. De que me servia suportar mais horas de trabalho para, no fim, não ter dinheiro para usar como eu quero, mas como eles querem?

Somos de 30 a 50 em cada um dos três call centers da TMN em Lisboa. Todos os dias há, permanentemente, centenas de chamadas em espera. A maioria, de pessoas que têm queixas a fazer por maus serviços prestados. Mas temos de aturar também miúdos que brincam pelo telefone (mesmo sabendo que as chamadas deixaram de ser gratuitas), gente mal-educada ou desesperada com o serviço, etc. E temos de aguentar tudo isto sem poder reagir.

Somos escutados (e gravados) pelos responsáveis, que nos podem pôr na rua se não respondermos aos clientes segundo as normas – e que usam afinal esta vigilância como uma ameaça constante sobre nós, para o que der e vier. É um trabalho estafante e feito debaixo de pressão constante.

Os responsáveis que dirigem os call centers querem que façamos também vendas de serviços pelo telefone para rentabilizar os contactos com os clientes. Não podemos recusar. Mas sai-nos do corpo: além de ouvir e dar resposta aos clientes, cada um com o seu problema diferente, ainda temos de pensar em convencê-los a comprar mais um serviço qualquer.

Resta dizer que, por tudo isto, ganho 2,46 euros por hora. Como desisti das horas extra, o que trago para casa não chega a 500 euros por mês. Tenho 30 anos e sou licenciada.


Autora: «AML»

Enviar um comentário

JSD Odivelas

Formulário de Contacto

Nome

Email *

Mensagem *

Com tecnologia do Blogger.
Javascript DisablePlease Enable Javascript To See All Widget