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O drama do Kosovo!

Enquanto o novo ano começa com o agravamento do conflito na faixa de Gaza, muitos esquecem o drama que se continua a viver no Kosovo!

Este país, "sitiado" entre a Sérvia a Norte, Montenegro e Albânia a Oeste e Macedónia a Sul, continua a sofrer o terror de uma guerra sem fim!

Muitos Portuguesas e principalmente Portuguesas não esquecerão, uma vez que os tropas Portugueses estão desde há muito neste território, integradas em corporações da NATO, para contribuir para a manutenção da paz!

Mas a história deste recente país da Península Balcânica, cruza-se com populações latinas até há 20 anos atrás, isoladas na Sérvia, no norte da Grécia, na Bósnia, resíduos do Império Romano.

De facto, nos séculos VI, VII, e VIII os Balcãs foram invadidos por populações eslavas, entre elas estavam os Eslovenos, os Croatas, os Sérvios, os actuais Búlgaros e Macedónios. O Império Romano do Oriente, ou Império Bizantino, lutou contra estes invasores, conseguindo por vezes dominá-los e cristianizá-los. Os eslavos da Macedónia acabaram por substituir as populações maioritariamente gregas da região, e, graças aos próprios gregos, etnia dominante em Bizâncio, baptizaram-nos como eslavo-macedónios... ou mesmo somente macedónios. Também a Bulgária dominou a região, e ainda hoje é difícil distinguir linguisticamente búlgaros e macedónios. Os croatas, falando uma língua praticamente idêntica aos sérvios, inclinaram-se para a Igreja Católica, e aliaram-se muitas vezes aos húngaros. Os eslovenos ficaram, até 1918, sob domínio alemão/austríaco. As tribos sérvias, muitas vezes dominadas pelos bizantinos, iam lutando pela sua independência. Uma tribo, a dos Rama (bósnios), caracterizou-se por uma heresia cristã, criticada palas Igrejas bizantina e católica.


Nos séculos XIII e XIV, houve mesmo cruzadas contra o seu território. Bizâncio ia conhecendo a decadência. Os Sérvios aproveitaram, e criaram finalmente um estado poderoso. Derrotaram os búlgaros em 1330, e empurraram os gregos (bizantinos) para o Sul e Leste. Em 1346, o seu rei, Ouroch IV (Estêvão Douchan) fazia-se coroar "Imperador dos Sérvios e dos Gregos", numa altura em que governava partes do norte e do centro da actual Grécia, a Albânia, a Macedónia, a Bósnia, e alguns outros territórios.

O Kosovo também fazia parte mas, não é possível saber qual a percentagem, então, de população albanesa na região. Os turcos iam-se apoderando da Península Balcânica. Em 1393, o Rei (Czar) da Bulgária declarava-se seu vassalo. A Sérvia vivia um período de lutas civis, e um último grande exército seu foi derrotado pelo mesmo invasor no Kosovo, em 1389. As tribos da Bósnia resistiram, algumas até 1463. A tribo Zeta ficou mais ou menos independente, embora pagando tributo, e deu origem ao Montenegro.

Curiosamente, face ao que se possa pensar, os albaneses resistiram até 1448. A Turquia impôs então o seu domínio. Só depois os albaneses se mostraram receptivos à fé muçulmana, bem como muitos bósnios ( talvez reminiscências da antiga heresia bogomila ).

A Hungria, sobre o Save e o Danúbio, deteve os turcos, até que estes lhe impuseram uma violenta derrota em 1526. A Áustria herdou então este país, que, todavia, foi quase todo ocupado pelo vencedor, bem como as províncias da moderna Roménia, e até partes da Ucrânia. A resistência ao turco, em particular na Sérvia e na Bulgária, foi constante. As comunidades locais procuravam fechar-se sobre si mesmas, para preservar a sua cultura. A diversidade era símbolo de sobrevivência.

Entre 1683 e 1739, a Áustria, em nome da Hungria por si herdada, reconquistou territórios. Os turcos foram mesmo expulsos do Norte da Sérvia, mas conseguiram recuperar Belgrado. A fronteira estabilizou-se. Muitos sérvios fugiram para terras reconquistadas, como as regiões da Krajina, e a Voivodina, a norte do Danúbio, onde até então pouco se notava a sua presença. Nestes Impérios (turco e austríaco), as populações, embora sofrendo uma dominação estrangeira, podiam movimentar-se com alguma liberdade, pois as fronteiras internas tinham pouco valor.

No início do Século XIX, a Sérvia conseguiu recuperar a independência, embora com território reduzido. A Turquia (Império Otomano) estava em decadência. Também parte da Roménia se tornou independente, e, com ajuda russa, o mesmo fez uma parte da Bulgária. A Grécia, igualmente reduzida, era de novo independente desde 1829. As várias potências europeias lutavam por influenicar os novos países, bem como o que restava da Turquia. Os conflitos sucederam-se, mesmo entre os Estados Balcânicos (como entre a Bulgária e a Sérvia), e em especial na Macedónia, um mosaico de gregos, albaneses, macedónios, búlgaros, e turcos. A Áustria-Hungria ocupou a Bósnia-Herzegovina, provisoriamente, em 1878, o que enfureceu os sérvios, por muita população etnicamente afim a habitar. Em 1908, foi declarada a sua anexação.
Em 1912 viu formar-se, a custo, uma aliança entre a Sérvia, o pequeno Montenegro, a Bulgária, e a Grécia, para expulsarem os turcos da Europa. E conseguiram-no, mas não sem que, um ano depois, se envolvessem em guerra entre si.

Convém esclarecer alguns pontos de discórdia, que ainda hoje não estão infelizmente resolvidos:

Assim, a Grécia queria dominar toda a Macedónia, pois em tempos essa região fora sua. A Bulgária tinha o mesmo objectivo, e argumentava que os macedónios de então eram maioritariamente eslavos e búlgaros.

A Sérvia queria uma saída para o Mar, talvez para o Adriático, não hesitando em reclamar toda a Albânia... para além da Macedónia também. A Sérvia, afinal, ficou com o Kosovo, que considerava historicamente seu, embora a população, maioritariamente, fosse afim dos albaneses, que conseguiram uma independência difícil. Também a maior parte da Macedónia ficou com a Sérvia. O restante coube à Grécia.

A Bulgária ganhou muitos menos territórios do que ambicionava. E, em 1914, por causa da insatisfação na Bósnia e na Sérvia, rebentou a Primeira Guerra Mundial, após o herdeiro da Coroa austro-hóngara ser assassinado em Sarajevo, supostamente por "influência" sérvia. A guerra, de quatro anos, levou à destruição do Estado Sérvio, enquanto a Bulgária ocupava a Macedónia, aliada à Áustria. O fim da guerra, todavia, trouxe a vingança, e os bravos sérvios viram-se à frente duma federação de Eslovenos, Croatas, e, claro, Sérvios, mais tarde baptizada Jugoslávia.

Entre os anos 1920 e 1930 não houve paz, pois os eslovenos, os croatas, os macedónios, e os albaneses do Kosovo queixavam-se da excessiva predominância Sérvia (note-se que o pequeno Montenegro se unira voluntariamente ao novo País).
A Segunda Guerra Mundial encontrou uma situação explosiva. E, se os sérvios resistiram aos nazis, muitos croatas optaram por se deixar transformar num protectorado alemão, embora outros resistissem também.

Na Bósnia, entregue à dita Croácia, foram mortos muitos sérvios ( uma primeira limpeza étnica ). Foi nas montanhas sérvias, bosníacas, e croatas, que surgiu uma das mais eficazes guerrilhas da época. Orientada por comunistas, e sob a Direcção de Josip Broz (Tito), infligiu pesadas baixas aos ocupantes.

Foi a Jugoslávia, revigorada, o único país a libertar-se quase sozinho na Guerra. Uma nova Jugoslávia parecia nascer, federada, com seis repúblicas (a Macedónia e a Bósnia tornaram-se partes de pleno direito) e duas regiões com grande autonomia: o Kosovo e Voivodina, esta com 30 % de húngaros.

Infelizmente, não se alteraram as fronteiras internas, para não ferir susceptilidades. Ao que parece, os sérvios continuavam a exercer um certo predomínio, e o descontentamento, se não podia ser manifestado, permanecia latente.

Todos os bravos povos da Jugoslávia continuavam a não conseguir vencer o seu maior inimigo: eles próprios e os seus sonhos e recordações de grandezas passadas, muitas vezes imperiais, conflituantes.

A morte de Tito e a queda doa "Regimes (comunistas) de Leste" precipitaram a crise. Os problemas não resolvidos e os velhos ódios vieram ao de cima. Na década de 1990, houve limpezas étnicas, regimes nacionalistas, incríveis misturas de ex-comunistas com ultra-patrioteiros, enfim, um Inferno na Terra. Muitos problemas, todavia, permanecem por resolver.

Há sérvios expulsos da Croácia (Krajina), ainda sem destino; há alguns búlgaros (muito poucos) na Sérvia; há albaneses na Macedónia; há de tudo um pouco na Bósnia, onde só tropas estrangeiras obrigam a uma Paz podre.

O mais triste é que estamos perante povos que resistiram contra tudo e todos para preservar a sua identidade. Os seus problemas étnicos e fronteiriços só se vão poder resolver numa ampla conferência, onde todos terão que ceder algo. E atenção à Rússia!

Não vale a pena deixar para trás, como inexistentes, problemas que não se resolvem. Eles voltam à superfície...

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