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Novos partidos mas velhas concepções

O ano de 2014 foi um ano muito particular para a política europeia. A par das definições clássicas que nos costumámos a adoptar, a esquerda comunista ou socialista, protagonizada por partidos políticos históricos e enraizados na cultura democrática nacional, parece hoje querer dar lugar a um conjunto de manifestações civis e políticas, que ganham cada vez mais expressão, e que não se identificam significativamente com nenhum dos partidos políticos existentes. Na verdade, expressam-se como anti-sistema e anti-partidários, em tentativa de por tal método ganharem a simpatia popular. Como é expressivo de tal manifestação o Pablo Iglesias em Espanha, afirmando que o Podemos não é de esquerda nem de direita, mas de baixo contra os de cima.

Ora, estas mudança de paradigma vão naturalmente de encontro a uma nova visão do Estado, porque a presente está em clara ruptura. Hoje, somos menos tolerantes à corrupção, às diferenças sociais e aos privilégios da classe política. Somos também, na generalidade, mais adversos às estruturas partidárias, ao que representam e significam na democracia e na condução do país. Hoje certamente é mais difícil que um partido político com uma ideologia clássica e com peso significativo na história democrática dos vários países europeus angarie novos militantes e conquiste o voto dos eleitores, que vão sendo, de eleição para eleição, confiados a partidos pequenos ou pior à abstenção. A conotação partidária carrega um semblante e é vista negativamente pela maioria dos cidadãos, que vem criando uma intolerância a qualquer estrutura partidária existente.

Por isso, surgem intensamente personalidades que não se aliam aos partidos existentes, nem sequer conseguimos associá-los a uma ideologia política. São os tais anti-sistema, mas que usam o sistema para ganhar votos, como todos os outros; a diferença é que fazem um discurso contra tudo o que está instituído, esquecendo-se que se um dia tivessem que governar, as suas opções não seriam justas para todos, não seriam certamente para todos os trabalhadores, funcionários, pensionistas, alunos, professores, etc. etc.

São, portanto, novos partidos políticos, mas sem uma ideologia política definida. São contra o sistema, mas sem apresentarem soluções concretas para a resolução dos seus problemas. Emergem da sociedade civil e não querem regalias para os políticos, mas quando chegam aos lugares, os quais disputam, também beneficiam das regalias que renegavam de forma desapegada.

Tais manifestações - organizadas ou não em partidos políticos emergentes - têm conseguido ganhar um grande mediatismo e reputação em vários países europeus, em alguns caso, com sérias probabilidades de ganhar eleições nacionais. Mas em Portugal, à excepção do fenómeno Marinho e Pinto nas eleições para o Parlamento Europeu, não me parece que o Livre ou qualquer outro novo partido tenha até ao momento tido um papel muito relevante na transformação do paradigma partidário. Diferentemente do que acontece em outros países europeus, estes pequenos partidos de génese socialista que têm surgido em Portugal não têm conseguido de forma tão acentuada captar o interesse ou a confiança dos eleitores. Da mesma fora se equiparam manifestações de génese radical que em outros países como a França ganham protagonismo e que em Portugal não. Resta saber como se sairão os novos partidos - sobretudo o Livre e o MPT - nas próximas legislativas, mas os sinais até agora parecem querer dizer que os portugueses não parecem muito convencidos com novos partidos que não dizem mais do que demagógicas abstracções.

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