Decidir o que escrever é algo difícil, principalmente quando se tenta cativar uma geração, por vezes, desligada da leitura.
Entre estudar, o tempo dedicado a outras atividades e o tempo para amigos e família, escasseiam oportunidades para produzir algo mais substancial do que meras "notas soltas". O que escrever e como tornar apelativa uma coluna de opinião? Creio que a resposta será encontrada com a experiência que vou tentar descrever:
A juventude é um período fascinante da vida, caracterizado pela constante evolução e mutação, a diversos níveis. As gerações mudam ao longo a história: objetivos, métodos e interesses são exemplos de questões que são profundamente alteradas pelos diferentes contextos, mas se há coisa que está sempre presente, são as inquietações, as dúvidas e as incertezas. A preocupação face ao futuro é, regra geral, algo que é comum a todos, independentemente da fase da sua vida, no entanto, na juventude torna-se algo ainda mais presente. Não saber o que nos espera continua e continuará a ser a maior inquietação do Homem.
Os tempos que vivemos, com as condicionantes bem conhecidas, colocam este ponto em xeque. A juventude é, cada vez mais, vista de uma forma desconfiada, descrente e crítica pelos "menos jovens". Pessoalmente, sou tentado a olhar para a juventude e concordar com algumas críticas, numa primeira abordagem: marginalidade, os comportamentos desviantes, o desconhecimento e desvalorização de valores morais, o desinteresse pela formação académica e profissional e a inexistência de objetivos próprios, muitas vezes apresentando as condicionantes externas como desculpa para a preguiça e passividade. O facto é que a Juventude mudou muito e podia enumerar várias causas: a globalização e inovação tecnológica, a sociedade de consumo, uma passagem entre extremos (de uma sociedade conservadora a uma excessivamente liberal), o conflito e mudança de paradigma ético e o choque de culturas.
"Hoje em dia os jovens querem é festas e bebida". Quantos de nós já não ouvimos estes comentários? Podemos dizer, certamente, que se trata de uma minoria que apresenta este tipo de comportamentos ou que são momentos próprios da idade - fases. O que é certo, pelo menos, na minha ótica, é que o que fica marcado, de forma mais vincada na opinião pública, são os aspetos negativos.
Quem fala em comportamentos socialmente reprováveis, fala também no desinteresse face à participação cívica, associativa, solidária e ideológica, que a juventude apresenta: é desinteressante, é uma seca, prefiro sair com os amigos e "viver a vida". Será que uma coisa impede a outra? A sociedade é uma construção de todos e apenas acordamos para isso quando o que tomávamos como certo se começa a desmoronar. Consequentemente, a necessidade de reação, muitas vezes instrumentalizada e com objetivos puramente subversivos, descamba para uma anarquia, não só política e social, mas moral, bastando ver alguns comportamentos em diferentes manifestações coletivas que mancham a imagem dos jovens.
Nós, jovens, somos os "construtores do amanhã". A responsabilidade não é apenas relativa a cada um, mas de cada um para com todos. Ser jovem, com toda a irreverência, curiosidade, boa-disposição e coragem, bem como uma tendência para uma atitude mais pró-ativa, dever ser algo que funcione como um fator positivo na melhoria da sociedade: nas condições de vida, nos comportamentos, na solidariedade, no trabalho e no esforço. E são muitos e sobejamente conhecidos os casos de jovens que dão cartas em diversas áreas, mostrando que afinal nem tudo esta perdido na juventude, como muitos afirmam.
