Na passada noite de Sábado para Domingo, comemorou-se o 36.º aniversário da Revolução do 25 de Abril e como não podia deixar de ser, a Pontinha, freguesia onde o posto de Comando do MFA se instalou e de onde partiram as principais ordens militares, celebrou a data numa sessão solene nas instalações da Junta de Freguesia. Como no passado, o PSD voltou a ter uma cara jovem a discursar nesta sessão. Desta feita, a honra coube à companheira e membro da Assembleia de Freguesia da Pontinha, Daniela Duarte.
Passamos a transcrever o discurso:
Boa Noite,
Gostaria, desde já, referir que é para mim um privilégio estar presente nesta data tão importante, junto de vós, e poder hoje, ao contrário de há 36 anos atrás, usar da palavra de forma democrática.
Nesse sentido, gostaria de saudar de uma forma muito especial, o Sr. Vice-Presidente da Câmara Municipal de Odivelas, Dr. Mário Máximo, o Sr.Presidente de Junta da Pontinha,
Foi nesta ilustre freguesia, tantas vezes esquecida por muitos, onde os capitães de Abril instalaram o posto de comando que daria início à semente de esperança, feita de força e vontade pelo povo Português que tanto ansiava a liberdade.
A força desses homens que lutaram pelos seus direitos, faz com que hoje eu não saiba o que é viver oprimida.
Sou uma jovem e embora nessa data ainda não tivesse nascido, com o passar dos anos e com os conhecimentos que me foram transmitidos e outros que adquiri, fui-me consciencializando do quão valioso é viver em liberdade.
Mas, meus senhores e minhas senhoras, é bom que não esqueçamos que o direito a esta democracia pela qual o povo português se bateu em Abril de 1974, nos trouxe muitos direitos para os quais correspondem necessariamente deveres.
Falo-lhes do acto de votar, que é um desses direitos e que hoje é tão desvalorizado. Vejam-se os números da abstenção que se cifram no intervalo entre 50 e 60%.
Tanto se lutou para que tudo mudasse, e depois de conquistado, os portugueses e essencialmente os jovens pouco ou nada se envolvem, adoptando uma atitude passiva e de crítica sem nada fazerem para o alterarem.
Como querem os portugueses alterar o rumo dos acontecimentos, se preferem num dia em que lhes é facultado o direito de escolha dos seus representantes, optar por outras tarefas que não a de exercer esse direito?
É também com enorme desagrado que constato que actualmente aquilo pelo que os portugueses se debateram há 36 anos, e que tanto custou a conquistar, tenha vindo a ser desvalorizado pelos nossos governantes.
É de lamentar, que em pleno séc. XXI, existam ainda indícios de pressão sobre a comunicação social e sobre os trabalhadores, que muitas vezes são “calados”, sendo por isso lamentável que o actual Governo tenha potenciado este clima de instabilidade.
Caríssimos, como atrás referi, e é certamente do vosso conhecimento, foi na freguesia onde nos encontramos, na freguesia da Pontinha, que se começou a desenrolar o caminho para a liberdade.
Hoje sabemos que a Pontinha continua a ser esquecida, sabemos que é uma freguesia que tem muito trabalho pela frente e que tem vindo continuamente a ser desvalorizada, apresentando-se como uma freguesia envelhecida onde os jovens não desejam morar.
É por isso de extrema importância que se trabalhe para uma melhor qualidade de vida de toda a população pontinhense, onde os jovens se sintam integrados e incentivados a manter aqui a sua residência e a participar activamente na comunidade.
Senão pensemos, os jovens abandonam a Pontinha e daqui a uns anos esta tornar-se-á uma freguesia deserta e ainda mais esquecida do que actualmente. Cabe-nos a nós mudar essa realidade que se avizinha.
Meus senhores e minhas senhoras, não podemos baixar os braços, é tempo de olhar para o futuro e trabalhar arduamente para preencher as lacunas da nossa freguesia, aproveitar as suas virtudes e reparar aquilo que se anda a fazer de forma incorrecta.
Por isso, caros cidadãos, em nome da juventude peço-vos:
Reinventemos Abril, partindo para a construção de uma sociedade mais justa, activa e isenta de mentiras e corrupção.
Decidir o rumo do nosso país, do nosso município ou da nossa freguesia é uma dever que cabe a cada um de nós correndo o risco de, sem o cumprimento do mesmo, esta democracia, de que tanto nos orgulhamos, poder começar a definhar de vez.