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No meu país

No meu país todos são doutores, mestres impostores, na arte de bem falar.
No meu país grita-se o hino quando joga a Selecção. Todos beijam a bandeira, mas todos cospem no chão.
No meu país, em Abril, todos gritam “Liberdade”, sabem quem é o Sr. Otelo, mas de Jaime Neves não há saudade.
No meu país somos muito solidários, esfolam-se uns para o subsídio dos outros (otários).
No meu país todos temos televisão, andamos sempre informados, mas trabalhar é que não.
No meu país ninguém se revolta, está sempre tudo bem. Desde que haja pão e circo não se arrelia ninguém.
No meu país somos todos bons amigos. Há negociatas escandalosas e avenças para encher um ninho, que se arquivam em processos de gaveta e quem paga é o (Zé) Povinho.
No meu país há muitos direitos, deveres ninguém os tem. Talvez seja por isso, que hoje em dia, a polícia já não prende ninguém.
No meu país as crianças não falam, a educação manda calar. Como pode um povo crescer sem que se saiba questionar.
No meu país tudo é fado, nunca nada tem solução. Se eu me calar bem caladinho, ninguém me chateia, nem há confusão.
No meu país, há quem queira governar pela eterna sede de poder. O povo, calado, sabe quem são, mas tem medo do que podem fazer.
No meu país não se ouvem tiros, ninguém mata ninguém. Vive-se pacificamente, o conformismo aqui é lei.
No meu país há Magalhães e Oportunidades que são tão Novas. Talvez seja preciso, ao invés, bom senso, já chega de abrir covas.
No meu país não houve um rumo, um destino ou direcção. Quarenta anos depois de Abril, todos mandam ninguém tem razão.
Como pode alguém pensar, que no meu país se pode investir. Os incentivos são tantos, que só nos resta por vezes sorrir.
E eu vou assim caminhando, assistindo a esta desilusão. A mocidade não se preocupa, porque “melhores anos virão”.
D. Sebastião já não volta, quem salvará a nação? A Mensagem foi clara, Camões e Pessoa já não.
Vai a Pátria falecendo, com gargalhadas do humor que por cá se faz. Levantar-me e pensar, é melhor não… Isso cansa e talvez não seja capaz.
No meu país vive-se assim. Mas será este o meu país? Não foi assim que o pensei encontrar quando pensara ainda em petiz.
E não será tempo de mudar? Um rumo novo para o meu país? Não, que isso dá trabalho, e o meu povo até está feliz.
Temos de tudo um pouco por cá, um pouco de vinho, um pouco de trigo, até um pouco de corrupção. O trigo e o vinho fazem falta, roubar o povo é que não!
No meu país quando se acaba o dinheiro, aqui d’el Rei, oh Salazar volta! O Homem já morreu, há que pensar outra porta.
A Europa, felizmente, ainda nos dá uma mão. O português desconfiado, grita desalmado, “A Troika é que não”
Mas Portugal não saiu do sítio, e o português continua a mandar. O que desapareceu foi o orgulho e a vontade de sonhar.
Porque o sonho comanda a vida, e a vida dos que virão, que encontrarão certamente um Estado, mas dificilmente uma Nação.
E se o povo é quem mais ordena, então que pense em reformar. Chega de viver acima, daquilo que ganhamos a trabalhar.
As dificuldades acentuam-se, o problema económico torna-se banal, mas com arte, engenho e valores, conseguiremos cumprir Portugal. 
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