A pretexto de encontrar uma razão para a tragédia sucedida na praia do meco, a comunicação social, sem qualquer tipo de escrúpulos, começa uma maratona de especulações e atribuição de culpas, relegando a verdade dos factos para último plano.
Capitalizam com a dor das famílias das vítimas que faleceram, expondo-as em horário nobre em todos os canais de televisão, pressionando a vítima sobrevivente a falar sobre o sucedido.
Uma vez que a vítima sobrevivente não se pronuncia e como em Portugal já muitas pessoas passaram por traumas semelhantes ao que este rapaz passou, ninguém consegue perceber o porquê do silêncio, perguntam então a outros alunos da universidade das vítimas o que aconteceu, alunos que não estiveram no local, nem viram o que terá sucedido. Como os alunos não sabendo, não especulam, preferindo manter o silêncio em respeito a todos os que sofrem com esta tragédia, a comunicação social cria um vilão, o «Pacto de Silêncio». Uma subversão e manipulação dos factos que dá origem a mais umas manchetes, a mais um tema para abrir telejornais.
A seguir, culpam as praxes. Pintam um quadro tão negro que só fica a faltar chamarem-lhes rituais satânicos, toda a parte de diversão, integração, criação de amizades fica de fora, não interessa para o caso. Dão origem a uma histeria generalizada dos portugueses em torno das praxes académicas. De todos os quadrantes se ouvem críticas. Estou em crer que a maior parte destes críticos nem sequer terá vivenciado a praxe e portanto, poucas (ou nenhumas) habilitações terão para falar do assunto, mas o preocupante mesmo é ver deputados com um comportamento irresponsável, aproveitador e mediático, a debater este assunto, andando mais uma vez a reboque de uma comunicação social tendenciosa, especulativa, manipuladora, muito pouco factual, em que a verdade é a principal baixa na guerra de shares televisivos e manchetes de jornais.

Faz-se um julgamento em praça pública, sem provas nenhumas, manipula-se a opinião popular criando uma histeria em torno deste caso e apontam-se as armas todas para um rapaz que é tão vítima daquela tragédia quanto os colegas que viu morrer e as suas famílias, que têm de viver com esse trauma o resto da vida.
Eram jovens com idades próximas, que estavam de livre vontade no lugar errado à hora errada e não mediram o perigo em que se colocaram.
Espero que a vítima sobrevivente consiga falar com as famílias dos seus colegas, para que todos possam voltar a ter alguma paz de espírito, fora do implacável escrutínio de uma comunicação social que não olha às vítimas que faz em todo este triste processo.
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