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O caso dos casos

O caso do ministro Miguel Relvas e da sua licenciatura relâmpago, depois de ter sido notícia em todos os fóruns de comunicação possíveis, pode perfeitamente encaixar-se no síndrome crónico de que os portugueses sofrem, de se importarem de forma inacreditável com problemas secundários. 

O caso de que se fala tem contornos que efectivamente o ultrapassam. E aí, poder-se-ia discutir o sistema de ensino, o processo de Bolonha, o carreirismo político-partidário. E discutir-se tudo isso dentro do nosso contexto de sermos portugueses, com as nossas inevitabilidades.

Mas o que verdadeiramente importou aos ofendidíssimos manifestantes foi a imoralidade. Esse imperdoável factor que, por sermos portugueses de bons costumes, não é compatível com o decurso da vida normal. Daí as manifestações à porta da Assembleia da República e os comícios literários pela imprensa e pelas redes sociais.

Ora, tal síndrome de que sofremos permite-nos escolher essa alegada causa de Estado - a imoralidade-do-número-de-créditos-da-licenciatura-do-ministro - como a causa central na nossa vida  de pequenos moralistas. 

Porque é incómodo muito maior, e dá muito trabalho, dedicarmo-nos a procurar soluções de emprego, crescimento, inovação, solidariedade. Pensar nesses problemas e que eles existem não é nada agradável. E este síndrome permite-nos essa alienação: escolher estas discórdias morais e irrelevantes e esquecer o essencial. Esquecer as reformas e a dificuldade de as implementar. Mas, enquanto continuamos a insistir nestas imoralidades, o resto vai andando. Se quiserem, centrem a discussão na estrutura dos problemas, e levem tempo a pensar e trabalhar para os ultrapassar. O emprego, a segurança social, o sistema de ensino.  A forma como são ou não educados os portugueses para investir e fazer crescer o país. 

A fronteira entre o essencial e o acessório, e as causas pelas quais nos manifestamos fazem toda a diferença naquilo que somos como povo. E as causas pelas quais os políticos têm que fazer defesa, ao invés de se dedicarem ao que têm que fazer no âmbito das suas funções, pelo mesmo princípio. Feliz, ou infelizmente, estas ilusões que tentamos interpretar como causas fundamentais dos nossos problemas, não passam de distracções de tempo e energia para o que verdadeiramente importa.

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