É que o visionamento televisivo do eng. José Sócrates não é tão assombroso como o visionamento de um fenómeno que iniciou a sua marcha e que vem surgindo por entre as sombras do país. Trata-se de um fenómeno político que exige uma redobrada capacidade de esquecimento.
Na verdade, assistimos hoje, discretamente, devagar, ao regresso inocente de determinados agentes políticos que voltam dos seus esconderijos (vulgo, empregos bem remunerados em grandes empresas públicas e distracções universitárias) para, singelamente, aparecerem de novo, à espera da oportunidade em que o seu regresso não daria tanto nas vistas e em que as atenções negativas já estão voltadas para outro foco. Alguns apresentam-se em comícios partidários, outros regressam com mais estilo e tornam-se comentadores em horário nobre do estado de um país do qual são, também, responsáveis. Não há nada mais humilhante para um povo que aplaudir os próprios erros...
Tais elementos moribundos devem regressar, claro, mas para serem responsabilizados, para prestarem contas, para responderem perante a justiça. Acreditar nisso já parece uma utopia. Pergunto-me se os portugueses serão assim tão sebastianistas. A primeira temporada desta série, contudo e infelizmente, parece estar a começar.