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"EU NÃO ME RESIGNO"


DECLARAÇÃO DE CANDIDATURA DO PROF. CAVACO SILVA, CENTRO CULTURAL DE BELÉM, LISBOA, OUTUBRO DE 2005



"Depois de uma cuidada ponderação, decidi candidatar-me à Presidência da República. Confesso que não foi uma decisão fácil. Faço-o por imperativo de consciência.
Estou firmemente convencido de que, se for eleito, posso contribuir para a melhoria do clima de confiança, para o reforço da credibilidade e para vencer a situação muito difícil em que o nosso País se encontra. Posso ajudar a construir um futuro melhor para os Portugueses.
É hoje generalizado o reconhecimento de que Portugal vive numa fase difícil, que se prolonga há vários anos, em particular no domínio do desenvolvimento económico e social. Nota-se nas populações um forte sentimento de descrença e de pessimismo.
Nos últimos cinco anos, a economia portuguesa tem registado um crescimento muito baixo; o número de desempregados tem vindo a aumentar; atingindo já os 400.000.
Portugal tem vindo a afastar-se do nível de desenvolvimento da União Europeia e da nossa vizinha Espanha e voltou a ser ultrapassado pela Grécia.
Os países do leste europeu, que aderiram à União Europeia em Maio de 2004, estão a aproximar-se rapidamente do nosso nível de desenvolvimento. Já fomos mesmo ultrapassados pela Eslovénia.
Não podemos resignar-nos a esta situação. Eu não me resigno. Temos de restabelecer a confiança, mobilizar as energias nacionais e reencontrar o caminho do desenvolvimento equitativo. Sei que isso é possível. As capacidades dos portugueses, já demonstradas noutras ocasiões, são uma garantia de que podemos vencer.
Esta foi uma razão determinante da minha decisão. Em Março do ano passado, numa entrevista na televisão, afirmei que só admitia candidatar-me à Presidência da República, em circunstâncias especiais ligadas ao futuro do País. Foi o que aconteceu.
Sei que, na Presidência da República, posso ser um factor de confiança e credibilidade. Posso ajudar a abrir caminho à esperança. Os portugueses sabem que sou um homem de palavra.
No estrito respeito pelas competências constitucionais do Presidente da República, posso contribuir para que o nosso País reencontre o caminho do progresso e melhoria das condições de vida dos Portugueses, com sentido de solidariedade, sem perigos de ruptura e instabilidade.
Penso que posso fazê-lo, principalmente por quatro razões.
Primeiro, pelo conhecimento que tenho da realidade portuguesa e pela reflexão que, ao longo dos últimos anos, tenho vindo a fazer sobre a razão das dificuldades que atravessamos.
Segundo, pelo conhecimento que tenho do quadro internacional em que Portugal se insere e pela análise que tenho vindo a fazer das suas implicações para o nosso desenvolvimento e criação de emprego.
Terceiro, pela experiência e conhecimento da vida política nacional e internacional que acumulei durante os anos em que tive a responsabilidade pela chefia do governo. Conheço bem as dificuldades que se colocam a qualquer governo em tempos de mudança como aqueles que vivemos.
Quarto, pela vontade que me anima e pela responsabilidade que sinto de fazer tudo o que estiver ao meu alcance para que as gerações mais novas, os nossos jovens, recebam, não uma pesada herança que lhes dificulte a vida, mas sim uma janela de oportunidades de progresso. O que me importa não é o passado, é o futuro, o nosso e o dos nossos filhos.
Mas porque já exerci as funções de Primeiro Ministro e porque tenho gosto na minha actividade profissional, foram importantes para a minha decisão os muitos apelos que me chegaram, vindos dos mais variados pontos do País, de diversas profissões e grupos etários e diferentes quadrantes ideológicos. Os Portugueses sabem que não sou um político profissional e que não são as honrarias do cardo de Presidente da República que me atraem.
Acabei por concluir, face à complexidade dos desafios que se colocam a Portugal, tanto no plano interno como externo, que era meu dever de consciência, disponibilizar-me para regressar à vida pública e candidatar-me à Presidência da República. Entendi, em consciência, que devia disponibilizar-me para ajudar a construir um novo horizonte de possibilidades para Portugal.
Não me candidato para satisfazer uma ambição pessoal. Candidato-me porque tenho orgulho de ser português e não me resigno perante o actual estado de coisas. Não me conformo com o clima de desânimo e pessimismo que predomina entre nós. Acredito em Portugal. Sei que os Portugueses são capazes.
Como sempre defendi, Portugal precisa de estabilidade política para que os graves problemas que enfrenta possam ser resolvidos. Conheço bem os limites dos poderes do Presidente da República consagrados na Constituição, que respeito e aceito integralmente.
No documento que apresentarei aos Portugueses sobre as minhas ambições para Portugal e que constituirão as linhas de orientação da minha magistratura explicarei como penso contribuir para que o País vença as dificuldades e regresse a um caminho de mais progresso e justiça social.
A minha candidatura é estritamente pessoal, independente de toda e qualquer estratégia partidária. Candidato-me como um homem livre. Não fiz, nem farei qualquer negociação com interesses partidários ou de grupo.
Como os Portugueses bem sabem, sou social democrata, mas há muito que estou afastado da vida partidária activa. Para que não restem dúvidas quanto à minha independência, pedi a suspensão da filiação no PSD.
Não me candidato contra ninguém. Candidato-me para ajudar o país a vencer as dificuldades em que está mergulhado e construir um futuro melhor. O meu compromisso é exclusivamente com Portugal, com o bem dos Portugueses, de todos os Portugueses. Sei que Portugal pode vencer".

Aníbal Cavaco Silva

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