«O "reitor" Carlos Coelho e a sua equipa querem que os jovens terminem o "curso" convencidos de que podem mudar o mundo», este é o título da reportagem do jornal diário PUBLICO de ontem sobre a UV!O trabalho começa todos os dias às 10h00 em ponto e nunca termina antes das 23h00. Durante uma semana, vão discutir e reflectir em grupo sobre as mais variadas questões políticas e cívicas. "De forma aberta e sem tabus", um dos lemas da UV. Vão ouvir e fazer perguntas aos muitos "professores" que ao longo da semana vão passar pela UV .
Não há na Europa nenhuma escola de formação política como esta. Feita com o rigor e com o empenho com que esta é feita", diz José Matos Rosa, secretário-geral do PSD.
Carlos Coelho reconhece que o partido gosta dessa visibilidade nos media e que ela é boa para o PSD. Mas, garante, a sua preocupação principal não é essa. "Só organizo isto a pensar
nos cem tipos que tenho à minha frente durante uma semana e que vêm aqui para aprender. Para aprender a serem melhores para a sociedade."A aposta do "reitor" da UV vai inteira para os alunos e em conseguir que eles terminem o "curso" a "pensar que podem mudar o mundo", que "a sua acção individual é importante para conseguir uma sociedade melhor !
Coelho reconhece que o interesse que a comunicação social mostrou pela UV desde o primeiro ano contribuiu para o seu sucesso, mas para ele o verdadeiro segredo é outro: a avaliação que é feita todos anos após a realização da UV pelo grupo de trabalho por si chefiado em que tudo é discutido e avaliado para que o ano seguinte possa correr melhor.
O processo de selecção dos alunos não é alheio a este sucesso. Um júri de sete a nove pessoas, coordenado por Coelho, analisa os currículos académicos, mas, acima de tudo, o seu historial de intervenção cívica. É esta faceta que tem mais peso na escolha. "Não estamos à espera que apareça aqui só a malta da política. Claro que há uma grande maioria que se interessa por política, mas já faz trabalho cívico nas mais variadas áreas e muitas vezes fora dos partidos." A maioria são jovens estudantes, muitos militantes do PSD, mas também muitos independentes. Só não são aceites militantes de outros partidos.
A UV vai entrar no seu nono ano. Carlos Coelho acha que esta iniciativa não se vai esgotar por falta de gente que nela queira participar.
"Enquanto houver vontade política, não se esgota. Mesmo que deixe de ser uma iniciativa mediática. Justifica-se sempre, se houver vontade política", assegura o "reitor".A escolha desta vila do distrito de Portalegre também não aconteceu por acaso. Quando o PSD decidiu avançar com a iniciativa, Carlos Coelho consultou Matos Rosa sobre o local para a sua realização. O então secretário-geral adjunto e também presidente da distrital de Portalegre na altura puxou a brasa à sua sardinha. Sugeriu "dois ou três locais", mas deu destaque a Castelo de Vide. "Disse-lhe [a Carlos Coelho] que tinha bons acessos, que era uma vila bonita, apelidada de Sintra do Alentejo, com bons hotéis que podiam receber uma iniciativa daquela dimensão", contou Matos Rosa ao PÚBLICO. Mas os argumentos que o actual secretário-geral pensa que pesaram em definitivo na escolha vinham a seguir: "Disse-lhe que a vila só tinha um bar e que fechava à meia-noite e o Carlos Coelho respondeu: "Bom." E não tem discotecas, acrescentei. E ele respondeu: "Excelente.""Castelo de Vide mudou muito nos últimos anos, já há mais
que um bar e muitos fecham depois da meia-noite, mas nunca perdeu a UV social-democrata. Até porque no final de um dia de trabalho os alunos já não têm muita energia para a vida nocturna.Uma operação gigantesca que durante uma semana põe 100 jovens a debater e a pensar política mais de 10h00 por dia e que tem um circuito de televisão interno, um jornal diário e dezenas de iniciativas.
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