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Esquerda vs Direita?

Ontem a convite dos alunos do ICE que preparam uma apresentação na disciplina de ciência política fui entrevistada para falar sobre o que é "ser de direita" e do que se trata hoje essa diferença entre direita e esquerda. 
Engraçado como apesar da multiplicidade de opiniões, de movimentos e partidos políticos e até de projectos, os conceitos de esquerda e direita continuam a usar-se quase como padrões regulares. As perguntas fizeram-me reflectir. Se é verdade que a história da "esquerda vs direita" confere a estes conceitos um significado estanque (na assembleia nacional francesa de finais do século XVIII os membros sentados à direita do rei apoiavam o poder régio e os membros sentados à esquerda eram simpatizantes da revolução), hoje, já é impossível que assim seja. Dessa mera designação física, a esquerda e a direita evoluíram para conceitos ideológicos e rapidamente associamos algumas características taxativas a cada um: de direita são os tradicionais, respeitadores das instituições e defensores da propriedade privada; de esquerda, os revolucionários e adeptos do colectivismo.
Mas essa polaridade não é senão redutora e artificial. Partidos concorrentes à governação não serão tipicamente de extrema-esquerda ou extrema-direita, daí a adaptação constante e crescente das suas ideologias e projectos para um caminho moderado, agregador e, por isso, mais indistinguível entre si.
Hoje, o voto não é decidido pela ideologia. Mas pelas propostas dos partidos, pelos líderes, ou simplesmente por oposição aos que governam.
A dicotomia permanece, mas apenas por questões de diferenciação prática e grosseira, não por ser actual. Ela cria um estigma que não é sempre justo com as políticas concretas que são aplicadas e hoje não é senão uma simplificação muito vaga da natureza fundamental dos partidos.
Com a crescente multiplicação da pluralidade democrática em Portugal e na Europa, ser-se de esquerda ou de direita, é de facto dizer muito pouco daquilo que se defende. No máximo, dá-nos pistas sobre o pensamento económico (economia de mercado vs colectivismo) ou sobre as prioridades quanto às tarefas do Estado (regulador vs intervencionista). Mas pouco mais do que isso. Será como que pesar diferentes pesos na balança e ver para onde pende mais.
A reflexão interessante a fazer-se hoje é que sentido ideológico têm os partidos, que para o serem, terão que ser mais do que orientadores económicos. A ideologia partidária, se não se resume a esquerda e a direita, deve definir-se por formas entendíveis aos eleitores, e quebrando o estigma associado à redutora dicotomia, criar novos métodos de passar a mensagem. Outras bipolarizações hoje fazem mais sentido?: europeísta vs não-europeísta? Nacionalista vs integrador? Austeridade vs não-austeridade?

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