Pedro Passos Coelho, António Costa e Catarina Martins foram as mensagens fortes das respectivas candidaturas. Nunca antes, provavelmente, os líderes partidários, pessoalmente, influenciaram tanto umas eleições legislativas. Os resultados eleitorais são o reflexo do que defenderam, da forma como o defenderam, e o que revelaram daquilo que são. Este resultado revela muito sobre o povo português. Que somos cumpridores, responsáveis e que, sobretudo, valorizamos os traços de carácter como a seriedade, a lealdade, a coragem e a verdade.
A vitória da PàF nas eleições legislativas é a primeira linha a sublinhar do resultado eleitoral de ontem. Venceu, inquestionavelmente, após todas as manifestações, revoluções, dificuldades de gestão interna e externa, sujeição a um programa financeiro rigoroso e medidas que foram directamente sentidas no bolso dos portugueses. E o seu principal activo foi inquestionavelmente Pedro Passos Coelho que conseguiu construir uma imagem de estadista e de seriedade, muito escassa no cenário político português.
Estas eleições representam um marco importante na forma de fazer política em Portugal. Será que os partidos vão continuar a apresentar candidatos que não estão preparados, que não têm competência, que são demagogos ou que não revelam seriedade pessoal? Os paradigmas parecem estar a mudar. Os portugueses querem estar mais atentos e informados, e acompanharão de perto a prestação daqueles que elegem. Será cada vez mais impossível uma candidatura não preparada, sem programa credível ou sem capacidade de diálogo. Não compreender isto será não compreender os portugueses. Achar que não pagar dívidas, não ter capacidade para negociar, apresentar propostas não exequíveis ou, até, atraiçoar os seus pares, são sinónimos de ganhar eleições, é não conhecer o povo português. De facto, não deixa de ser notável que os portugueses tenham privilegiado o realismo e o sentido de colectivo sobre o benefício fácil e artificial. Que tenham preferido a segurança à ilusão.
Os próximos capítulos serão interessantes de acompanhar. Para já, fica a certeza de que finalmente se exige dos partidos com assento parlamentar sentido de missão e de responsabilidade, independentemente de quaisquer resultados, ideologias ou interesses partidários. Os partidos devem aprender com o povo português a adaptar-se, a ceder e a comprometer-se para um fim maior.