Após terem decorrido as eleições primárias no Partido Socialista, muita tinta tem corrido no sentido de tentar trazer o Partido Social Democrata à berlinda nesta matéria. É possível que o PS tenha tomado esta opção, das eleições primárias para a escolha do seu candidato a primeiro-ministro, tendo por base uma estratégia eleitoralista e não por princípios ideológicos ou democráticos. Mas estas eleições primárias, que serviram para o principal partido da oposição escolher o seu candidato a primeiro-ministro, surgem numa altura em que muito se tem falado na necessidade de maior abertura das organizações partidárias e de um crescente envolvimento dos cidadãos nas decisões dos partidos políticos. Efetivamente, nas primárias do PS votaram cerca de 177.000 pessoas, entre militantes e simpatizantes, dos quais cerca de dois terços escolheram, como candidato a primeiro-ministro, o atual presidente da câmara de Lisboa António Costa.

A eventual criação de círculos uninominais, fosse para a eleição de deputados nacionais ou municipais, poderia representar uma maior proximidade entre o eleito e o eleitor. Uma eventual derrota do candidato, poderia também “responsabilizar” o partido pela escolha desacertada e, tendencialmente, começariam a existir verdadeiras primárias dentro dos partidos para a escolha de candidatos vencedores, pois um partido cujos candidatos fossem escolhidos em primárias abertas a todo o cidadão eleitor, ganharia um enorme “lastro” e capital de credibilidade. Os candidatos a candidatos deixariam de falar maioritariamente para dentro do partido e passariam a falar mais para fora do mesmo, para a sociedade civil, tentando ir ao encontro dos interesses do cidadão comum. Por princípio, a sua legitimidade seria mais consistente, pois estes eram pré-sufragados pelos mesmos eleitores que mais tarde os iriam eleger.

Este tema, das eleições primárias e/ou do sistema eleitoral proporcional vs uninominal, deveria ser alvo de um profundo debate em Portugal, liderado pelos partidos!
Esta é uma realidade que convém ao PSD analisar internamente, não descurando a certeza de que as primárias passaram a ser uma realidade na vida política Portuguesa e as quais os Portugueses acompanharam bem de perto. Teremos quesaber dar resposta, na altura devida, aos anseios dos portugueses e terão que ser feitas escolhas (a democracia exige-as), sobre as quais o eleitorado se pronunciará.
É certo que todos os sistemas eleitorais têm vantagens e inconvenientes, nem o uninominal é perfeito, nem o proporcional é desprovido de sentido.
Mas poderá ser esta a tão aguardada reforma do sistema político Português e, o primeiro passo para uma profunda mudança do mesmo?
Ajudará os partidos a “recuperar” os valores republicanos e a reformarem a sua forma de funcionamento e aproximarem dos eleitores?
Veremos…